domingo, 11 de janeiro de 2009

Camisinha Sempre...

Hoje, os gays jovens estão usando menos camisinha porque eles, ao contrário de quem tem mais de 40 anos, não viveram o tempo em que a Aids matava muitos e rapidamente. Depois do coquetel de remédios então... Para eles, a doença deixou de assustar." Esse pensamento, apesar de não ter autor, é quase mantra obrigatório entre rodas de amigos gays quando o assunto é Aids.Erroneamente, há a impressão de que gays até 24 anos de idade têm deixado de se proteger nas relações sexuais. Os dados disponíveis pelo governo e por ONGs acerca do assunto vão para outro lado, o que parece jogar aquela idéia na lista das lendas urbanas gays. Dados do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo sobre casos em 2004 e 2005 mostram que jovens de 15 a 19 anos são apenas a nona faixa etária, entre 11 pesquisadas, em número de ocorrências. Aqueles que têm de 20 a 24 anos ficaram em sétimo lugar. A maior quantidade de casos notificados ocorreu entre quem tinha 35 e 39 anos. Não há número sobre casosde infecção do HIV, apenas de Aids, que é quando a doença se manifesta. Quando o assunto é prevenção de DST/Aids, outro dado que mostra que a consciência dos jovens gays não anda tão em baixa vem de pesquisa realizada em 2003 pela Universidade de Brasília em parceria com a Gerência de DST/Aids do Distrito Federal e com o Estruturação, entidade GLBT local. A experiência do bancário Rhenan Bezerra Belém, 21, está de acordo com a pesquisa brasiliense. "A maioria dos caras que propõe fazer sexo sem camisinha são mais velhos que eu", diz ele, que mora em Brasília. De fato, enquanto 51,4% dos gays de 18 a 24 anos disseram fazer sexo seguro com parceiros ocasionais, o índice cai para 48% entre quem tem de 25 a 39 anos e para 42% entre aqueles de mais 40 anos. "Minhas primeiras transas foram sem camisinha, mas logo me conscientizei sobre a importânciade usá-la", avalia o relações públicas Júlio Cardia, 23, que reforça a tese de que o medo pode não ser a única forma de educação para o sexo seguro. Nos primeiros anos desta década, o Programa Nacional de DST/Aids estava preocupado com a tendência de crescimento da epidemia de HIV entre jovens apontada pelos números de todo o Brasil. A hipótese era que o uso dos coquetéis estaria tirando o receio de se infectar. Entretanto, atualmente, as taxas nesse grupo já se comportam como os índices entre gays e homens bissexuais em geral, que é de estabilização.A comemoração pelo não crescimento da quantidade de casos de Aids entre gays e homens bissexuais deve ser comedida, já que tal fenômeno se dá em patamares altos.Segundo pesquisa do Ministério da Saúde de 2004, apenas 3,5% dos homens transam com homens, mas esse grupo é responsável por 31,3% dos casos masculinos de Aids, ou seja, quase nove vezes mais do que se teria se houvesse proporcionalidade. A mesma pesquisa do Ministério da Saúde mostra que enquanto apenas 28,2% dos héteros se protegem de DST/Aids seja em relacionamentos ocasionais seja em fixos, homossexuais e bissexuais levam esse índice a 44,3%, aí incluso os jovens.

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