terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O Amor!!!

Há quem descreia no amor entre dois homens e haja, por isto, desistido de protagonizá-lo. Trata-se de uma descrença resultante, certamente, da observação de situações alheias e, possivelmente, de decepções pessoais, cujo efeito é o da desesperança em relação a novos amores. Há, nisto, um pessimismo que os fatos desmentem ou, ao menos, mitigam.
Em resultado da homofobia instalada como padrão psicológico nas sociedades ocidentais, dentre elas a brasileira, a maior parte dos homossexuais, até aqui, achou-se na impossibilidade de amar abertamente, ao mesmo tempo em que, manifestando-se a sexualidade ao longo da vida e correspondendo a uma necessidade permanente, muitos gueis exerciam-na como expressão única da sua condição homossexual, o que lhes gerou uma promiscuidade célebre, caracterizada pela pluralidade de parceiros, pela ausência de afetividade entre eles e pela busca exclusiva da volúpia: não podendo amar, restava-lhes o transar.
As gerações pretéritas, e dentre as atuais, as dos indivíduos que contam, hoje, cerca de trinta anos para mais, foram condicionadas, pelo meio homofóbico, a reprimir a sua natureza, quero dizer, a frustrar a sua sexualidade e a privar-se de amar.
Esta última particularidade resultou em que muitos homens não experimentaram o amor, não aprenderam a estabelecer compromissos afetivos a sério, não idealizaram uma vida a dois, não adquiriram o valor da fidelidade, não puderam estabelecer uma comunhão com quem amassem: da maioria dos integrantes destas gerações não se pode esperar relacionamentos sérios nem duradouros: em relação a eles, a descrença na felicidade a dois pode justificar-se.
Todavia, o preconceito e a promiscuidade vem se alterando, rapidamente, nos últimos poucos anos: há menos homofobia e mais aceitação; de conseqüência, mais liberdade de ser homossexual, ou seja, de exercer a sua sexualidade como uma prática normal e sadia, psicológica e fisicamente, e de amar, como uma expressão da natureza emocional de cada um.
Entre o amor heterossexual e o homossexual, não há diferença para mais do sexo dos envolvidos: em si, o fenômeno é rigorosamente igual. Em ambos, há atração, encantamento, carinho, anseio por compartilhar cada qual da vida do outro; em ambos, encontram-se os mesmos problemas: ciúme, traição, insegurança, desencanto, separações; em ambos, as mesmas virtudes: fidelidade, companheirismo, adaptação mútua, seriedade, realização afetiva, felicidade.
Nesta época de maiores aceitação e liberdade, os homossexuais, em especial os jovens, enfrentam menos problemas, desfrutam mais do seu corpo e (de longe o mais importante), muitos moços procuram realizar-se afetivamente. Daí multiplicarem-se os casais juvenis, antanho inexistentes, em que aos envolvidos repugna a promiscuidade e em que a volúpia é secundária, animados pela procura de uma relação estável e sincera com uma pessoa fiel, no ideal de vidas por partilhar, segundo as preferências individuais de idade e temperamento.
Há, em curso, uma evolução dos costumes, por efeito de uma modificação das mentalidades e como causa de adaptações nas instituições, a exemplo do casamento guei, em perspectiva no Brasil e já adotado em outros países.
O amor entre iguais existe, já, entre os jovens e existirá, crescentemente, sobretudo entre eles e (conquanto em proporção menor) entre os mais velhos, o que vem provocando uma alteração bem-vinda e acelerada na psicologia dos homossexuais moços, face ao anseio de muitos deles pela afetividade e ao esforço pela sua realização, progresso importante no sistema de valores vigente no meio guei: a felicidade de dois homens entre si corresponde a um objetivo cada vez mais alcançável e merecedor da tentativa dos interessados nele.

2 comentários:

  1. Quando as pessoas se derem conta que o amor é amor por excelência, independente de sexo, religião, cor e raça, o mundo com certeza será muito mais feliz!!
    Digo mais feliz, pois as pessoas olharão mais para dentro de sí e velorizarão mais seus próprios sentimentos, libertando-se assim do próprio pré-conceito.
    Isso mesmo filho, não se dobre à esta sociedade medíocre e hipócrita na qual vivemos e faça valer o seus direitos... ao menos o de amar e ser amado, né?
    Beijo grande!
    Amo você!

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  2. Quem dera já se pudesse beijar em público quem é do mesmo sexo...

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