O lesbianismo é ainda um tabu. Do amor proibido passa-se para o pudor de uma realidade frequente, em que o amor entre as mulheres é um facto mais que constatado.
Supõe-se que são muito amigas. Compartilham a roupa, dormem na casa uma da outra, andam sempre aos segredinhos. Os outros julgam-nas inseparáveis e amigas eternas, onde o valor da lealdade fala mais alto. Mas, nem sempre se assiste somente a uma amizade. Por vezes, a amizade transforma-se em amor e a lealdade em desejo.
O lesbianismo sofreu algumas mudanças ao longo dos tempos, ainda que as alterações sejam consideradas mínimas. Antes, era impensável ver duas mulheres na rua a demonstrar o seu amor e hoje, esse cenário já é permitido embora as pessoas continuem a virar a cara em sinal de repulsa. As normas da sociedade não foram concebidas a pensar nestas realidades, daí que seja difícil para as pessoas aceitarem-na .
A esta forma de amar, o lesbianismo, já foi dado o nome de "fricatrice", "tríbade" ou sodomia feminina. Últimamente, mais propriamente há cerca de quatro séculos atrás, optou-se pela denomição "pecado" e só há bem pouco tempo é que a expressão lesbianismo começou a ser pronunciada, ainda que na clandestinidade do social.
Mais tarde, a demonstração do lesbianismo invadiu o cinema, teatro, publicidade ou televisão. A nossa Constituição consagra a igualdade entre todos, embora não seja explicíta ao nível das escolhas sexuais. Existem mesmo fundamentos da lei, que chegam ao limite de considerar o envolvimento entre pessoas do mesmo sexo como uma espécie de doença mental. Logo, do que serve essa tentiva de invasão nos media se a realidade é bem contrastante?
Se Deus fez os Homens para se amarem uns aos outros, como apregoa a religião católica, porque não podem duas mulheres apaixonarem-se sem que a sociedade lhe vire as costas? Tudo se trata de uma questão de mentalidade, educação e de aceitação social que os tempos modernos, ainda não conseguiram decididamente aceitar. Ainda assim, já existem casamentos consumados entre mulheres, embora essa realidade atinja uma minoria de casos internacionais.
Em Portugal são várias as associações que lutam para um futuro mais equilibrado e de melhor qualidade, tanto para lésbicas como para homossexuais. Encontros, livrarias, hotéis, conferências, festas, pontos de encontro ou locais nocturnos tornaram-se conhecidos por fazer do seu ambiente, um refúgio para o amor entre membros do mesmo sexo.
Agora, já se pode falar de homossexualidade no nosso país, mas a facilidade com que se pode expôr o afecto e o amor é quase nula. Se antigamente havia castigos, como cortar ou queimar algum membro do corpo, para as pessoas que ousassem cometer "pecados" deste género, actualmente as punições são de foro psicológico e social. Provocando dores e mágoas diferentes, as implicações de amar alguém do mesmo sexo não foram ainda devidamente ultrapassadas pela sociedade, igreja e por muitos dos que se dizem apologistas dos tempos modernos.
Para tudo funcionar normalmente tem que se passar a fase do respeito para a aceitação, do "virar a cara" para o olhar em frente. O caminho para o amor pode estar em qualquer lado, e optar por um relacionamento com alguém do mesmo sexo é uma decisão individual, que as restantes pessoas devem aceitar e respeitar sem críticas ou comentários menos dignos. Este sim, é o verdadeiro progresso para a nossa condição social e para a evolução da humanidade.
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